ENQUANTO FUI ARTE...

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Enquanto fui arte...
 Os meus versos vêm acompanhados uma boa dose de amor, dos instantâneos aos mais intensos. Enquanto eu amava, eu era a arte. 
Mas a arte despedaçou-se como o choque de uma taça de vinho tinto caída no chão, que mancha de vermelho sangue o tapete. A arte se foi como as marcas dos amores que já partiram. Nem se quer disseram adeus.

Enquanto fui arte, me esvaziei dela. E eu ainda a era. Poesia corrompida com a marca do teu beijo que sela dentro do meu peito os versos que desgraçadamente amarguram meu coração. Enquanto eu amava, eu era a arte.


Sempre escrevia sobre os meus amores. Pequenas doses de vinho barato embreagem mais rápido do que qualquer garrafa envelhecida para degustação.

A arte dispara contra meu peito uma tristeza seca, coberta de desejos, que tenta, no mínimo, se embelezar de rimas bem pensadas. Formosa arte que se vai sem um beijo de despedida.
Enquanto eu fui arte, eu era vida. Enquanto eu fui arte, eu era poesia.

Mas não há mais versos nem poesias ou prosas. Não há mais amor. E o beijo que sempre quis fica enferrujados nos meus lábios, marcado pelo gosto do vinho derramado no tapete misturado no sangue dos meus versos pobres de arte que já não sou.

Miguel Silva 07.12.15

Alexandre Miguel

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Mineiro, Belo Horizonte. Estudante de Letras na UFMG. Aspirante a professor e poeta nas horas vagas. .

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