UM MUNDO VAZIO

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Então, de repente, o mundo parece vazio, como se sete bilhões de pessoas desaparecessem assim, num piscar de olhos, e todo o vazio é preenchido apenas pelo som de uma canção que toca no fundo da cena.


A ideia é encontrar uma solução para os problemas, mas, inevitavelmente, encontramos apenas mais perguntas. E enquanto a música toca, o filme acontece, o protagonista não sabe o que fazer. Permanece ali, sentado numa escadaria, ouvindo uma canção qualquer que ecoava por todos os cantos.  



O protagonista da história se perguntava porque ele, porque ele é quem deveria ficar sozinho no mundo, então chorou. O som da guitarra aumentou, e as lembranças percorriam a mente do personagem, o diretor colocou uma chuva, incrementou no drama o poder da ficção.



Um filme dentro de outro filme, era isso que ocorria na mente do protagonista. Ele se lembrou de seus amigos de infância, de como aprendeu a andar de bicicleta, da sua primeira vez na escola. Ele sorri com estranheza. Abre os olhos, ouve agora, o barulho da chuva e de fundo, a canção. 



Nada cortava aquele momento. Lembra do seu primeiro beijo, dos primeiros acordes que tocou, lembra do sorriso do pai, e da magia que sentiu quando mostrou para a família sua primeira música.



Um trovão cortou seu sorriso no meio, despertou-o. Mas, o mundo ainda estava vazio, ele estava só, o protagonista ainda estava sentado na escadaria, sem saber o que fazer, sem saber como trazer de volta as pessoas que mais amava e havia deixado partir.
Ele se perguntou se aquela solidão era reflexo de suas atitudes, de seus medos, de sua falta coragem, e vergonha. Ele repassou o filme todo, várias e várias vezes, mas não encontrou a resposta, ou algum tipo de erro. O protagonista se concentrou na música no fundo novamente, tentou pouco a pouco apagar os fortes estrondos que cada gosta de água causava ao tocar o chão.



Pouco a pouco, a música ficou alta novamente, e o som da chuva tomou lugar no fundo da cena. Ele estendeu a mão e tocou a chuva, ou a deixou toca-lo. Sentiu-se vivo, sentiu-se capaz de controlar a si e a suas atitudes. Ele suspirou, levantou-se da escadaria e caminhou lentamente para a chuva, tocando-a, deixando-se senti-la.


Imagem Retirada do Tumblr

Nosso protagonista agora caminhava pela chuva, no mundo vazio, passando pelos lugares que tinha o costume de ir, tentou passar por todos os lugares que considerava importante, mas desistiu, percebeu lugares era um tanto que importante para ele, porque cada lugar, cada rua, cada casa, cada dia, tinha uma importância para ele. 



O mundo estava vazio, nosso protagonista não sabia o que sentir, mas sabia que devia sentir, então permitiu-se, e pouco a pouco, ele foi se enchendo de sentimentos, o mundo se enchia de pessoas, o barulho da chuva havia sumido, o som da canção ainda tocava, ele ria, agradecido, porque sabia que ele era o seu próprio mundo. 



Ele permitiu que seu mundo se se enchesse novamente, e via as pessoas percorrer a cidade lentamente. O mundo vazio agora era cheio, nosso protagonista tomou conta de seu papel, foi cuidar dos seus afazeres, foi fazer o que sentia que devia ser feito.

Alexandre Miguel

Developer

Mineiro, Belo Horizonte. Estudante de Letras na UFMG. Aspirante a professor e poeta nas horas vagas. .

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